1 de ago. de 2012

O que importa mais?

Hoje em dia não imaginamos ninguém que precise entrar em um museu de terno e casaco pra os homens ou de vestido social para as mulheres, mas o código da etiqueta social da época de Karl Marx nos idos de 1850, quando esse precisava fazer sua pesquisa para o livro O Capital, exigia que Marx usasse a vestimenta adequada para entrar no Museu Britânico. E a vestimenta adequada para tal evento era o terno e o casaco. O problema era a penúria que Marx e sua família passavam. Para escrever ele precisava de tinta e papel e como não tinha dinheiro para isso, vendia seu casaco numa loja de penhores, prática muito usada na época em que as pessoas se desfaziam de seus pertences pessoais como roupa, louça ou o que mais lhes fossem permitido vender para conseguir suprir assim as suas necessidades básicas como comida e aluguel. No caso de Marx, este precisa do papel para escrever e também do casaco para entrar no museu. Eis o dilema, o que é mais importante, o casaco ou o papel para escrever? Pergunta capciosa de minha parte, pois, para Marx ambos eram importantes em determinadas situações, a moda da época lhe obrigava usar casaco para entrar no museu, mas o papel também era fundamental, sem ele não chegaria até nós suas importantes obras. No livro, O casaco de Marx(2000) o autor, Peter Stallybrass, nos dá uma ideia da trajetória da vestimenta usada por Marx e nos remete a memória que a roupa pode nos proporcionar e a importância que damos a ela independentemente da época. Pensando em nossa contemporaneidade e nossa constante preocupação com a imagem, usamos o avanço tecnológico e a conectividade em tempo real para nos mostrar ao mundo, seja no que vestimos, no que pensamos,  através de blogs, redes sociais e os mais variados aplicativos disponíveis.  Podemos nos perguntar atualmente, o que é mais importante,  a roupa que usamos ou o nosso livre acesso ao computador e suas facilidades? Podemos fazer uso de um sem pensar no outro?
Não precisamos necessariamente sair de casa para pesquisar em museus, o acesso a internet nos dá essa facilidade,  e mesmo quando o fazemos, não há uma  regra rígida de vestimenta a seguir.     Porém, cade vez mais, a imagem de si tem se tornado um valor social, mesmo a ida ao museu rende fotos de como nos vestimos, não tanto pela importância do lugar em que estamos, mas pela estima que damos a roupa em si e o que ela nos agrega como imagem, e não como memória. 

Para saber mais:
- “O Casaco de Marx. Roupas, memória, dor”
Autor Peter Stallybrass
Editora: Autêntica

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